quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021
As empresas que trabalham com transporte de mercadorias sabem que uma das maneiras mais eficientes de enviar internacionalmente é via contêiner de carga usando o frete marítimo, serviço entregue pelo armador.
Contudo, nos últimos meses, os importadores brasileiros têm se deparado com uma alta muito representativa no custo do frete marítimo. Especialmente na rota da China para o Brasil, o valor atual representa 5 vezes mais do que o frete cobrado no período pré-pandemia.
Neste contexto, a dúvida é: quais fatores justificam a alta no frete marítimo? De que maneira essa precificação é definida e quais variáveis influenciam no valor?
Ainda não temos uma resposta simples e objetiva para essas questões. Mas, ao longo do artigo, mostramos quais as taxas e sobretaxas compõem o frete marítimo, indicando também outros aspectos que definem o seu valor.
Para saber mais, continue lendo o artigo!
No cálculo do frete marítimo, é preciso considerar dois elementos principais:
1. As taxas de frete marítimo definidas pela transportadora/armador;
2. Os custos associados ao manuseio e desembaraço dos produtos nos portos de carga e descarga.
Geralmente, as taxas de frete marítimo são apresentadas em uma cotação de frete, sendo que o formato dessas cotações pode variar de acordo com o método de trabalho de cada despachante e a empresa de frete marítimo.
Dentre as opções, o frete básico (freight basic) é um dos mais conhecidos, sendo que sua lógica é bem simples. Na precificação, prevalece sempre o fator que incide na maior receita para o armador ou agente. Dessa maneira, o peso ou volume da mercadoria e as demais características da mercadoria são analisadas para a definição do preço do frete.
Vejamos um exemplo: Uma máquina produzida com ferro pode não ser muito volumosa, mas certamente será muito pesada. Sendo assim, a composição do frete será a partir do peso, pois é esse fator que gera maior receita para o armador.
Em contrapartida, no caso de uma carga de isopor a metragem cúbica é muito maior do que seu peso. Portanto, o frete básico será calculado a partir do volume.
Na precificação do frete marítimo, existem várias taxas e sobretaxas que, comumente, são acrescidas ao frete por meio da aplicação de um percentual aplicado, com o objetivo de cobrir determinados custos.
Veja, a seguir, algumas das principais que podem ser aplicadas:
Bunker Surcharge: também conhecida como Bunker Additional Fuel (BAF), essa é a sobretaxa de combustível. Ou seja, é a taxa aplicada em percentual sobre o frete básico para cobrir custos de combustível durante a viagem.
Heavy Lift Charge: como o nome sugere, a taxa para volumes pesados é cobrada para mercadorias que possuem excesso de peso,ou produtos com peso excedido que exigem condições especiais para transporte, como equipamentos de manuseio ou mão de obra especializada. A taxa é cobrada progressivamente, sendo aplicada a volumes cujo peso bruto seja superior ou equivalente a 5 toneladas. A cobrança vale para embarque, desembarque ou arrumação da mercadoria no navio.
Extra Length Charge: essa taxa segue a mesma lógica do Heavy Lift, porém considera o volume. Dessa maneira, a taxa para volumes de grandes dimensões é aplicada a toda mercadoria cujo volume tem comprimento superior a 12 metros, independentemente do seu peso.
Currency Adjustment Factor: também é conhecida como FAC, a taxa de fator de ajuste cambial é orientada pelo fator de correção monetária sendo somada ao frete básico, ao Bunker, ao Heavy Lift e ao Extra Length, se for o caso.
Minimum Freight: a taxa mínima é a menor necessária para cobrir certos custos. Costuma ser aplicada quando o volume é inferior a meia tonelada (500 quilos) ou meio m3.
Open Rate: a taxa aberta é admitida em algumas conferências. Isso porque ela permite ao armador ofertar preços atrativos e concorrer com os navios tramps ou outsiders.
Temporary Rate: a taxa temporária visa atender determinadas condições de tráfego de abertura de mercados. Na prática, ela estimula a competitividade entre tramps ou outsiders. Isso acontece porque são estabelecidas bases reduzidas de frete em relação aos preços normais, com aplicação restrita a determinado período de tempo.
Special Rate: geralmente, a taxa especial é definida pela mesma razão ou condição dos preços determinados pela Temporary Rate.
Lumpsum Rate: a taxa de frete por atacado é definida para o embarque de mercadorias como um todo, sendo negociada entre armador, agente e cliente.
Through Rate: também conhecida como On Carrying Rate ou Through Bill of Lading, a taxa de prosseguimento é cobrada pelo armador para o prosseguimento da carga por via marítima ou terrestre até o destino final. Neste caso, o custo do transbordo entre os dois transportadores é incluído no preço do frete marítimo.
Ad Valorem Rate: essa é a taxa aplicada sobre a composição do frete apenas para mercadorias de alto valor agregado.
Minor Port Additional: a taxa adicional de porto é cobrada nos casos em que a mercadoria é embarcada ou desembarcada em porto secundário ou fora da rota.
Congestion Surcharge: a sobretaxa por congestionamento consiste em um percentual definido pela conferência de frete e aplicado sobre o frete básico quando existe uma grande movimentação nos portos, que gera demora para atracação.
Muito além das taxas citadas, é importante ter em mente que os fretes marítimos são flexíveis. Por isso, a composição de custo pode ser ajustada para atender às necessidades de cada cliente, bem como para estimular a expansão do comércio e da indústria.
Especialmente em um cenário de crise, com oscilações dos preços do mercado mundial, o frete marítimo é impactado.
A seguir, elencamos os principais fatores que devem orientar a definição de frete marítimo com intensidades variáveis. Confira:
Fatores inerentes às mercadorias: fator de estiva, forma das mercadorias e suas embalagens, grau de periculosidade, facilidade de arrumação a bordo, local e proteção especiais, unitização da carga, mercadorias não destinadas a fins comerciais, estado de fabricação, natureza da carga e sua disponibilidade;
Fatores comerciais: valor da mercadoria por tonelada-frete, capacidade competitiva no mercado internacional com produtos similares de outros países, volume de negócios, quantidade de carga, seguro, forma de pagamento do frete, lançamento de mercadoria nova, formas de contrato de transporte marítimo, contratos especiais de fretes, concorrência com outros armadores, serviços de transporte marítimo, possibilidade de carga de retorno, comissões e lucro do
armador;
Fatores geográficos: distância (milhas náuticas) a ser percorrida pelo navio e localização dos portos;
Fatores legais: são decorrentes de impostos e taxas governamentais, bem como da regulamentação portuária que define os horários de entrada e saída de navios. Neste grupo, também se destacam as taxas para dragagens e as restrições impostas às importações, que tendem a aumentar o custo do frete marítimo.
Fatores políticos, sociais e econômicos: eventos inesperados que podem atrasar as operações dos navios em razão da paralisação dos trabalhos, total ou parcialmente. São exemplos as guerras, lockouts, revoltas e comoções civis. A pandemia do novo coronavírus é o evento mais atual que impactou na precificação do frete marítimo. A quarentena dos containers, por exemplo, gerou atrasos e dificultou o trabalho dos armadores.
A precificação do frete marítimo também sofre influência das rotas e
portos frequentados, dos navios utilizados, da mercadoria transportada, das moedas
usadas nas transações comerciais e do sistema econômico, administrativo e comercial.
Além disso, vale destacar que além das taxas e variáveis apresentadas, existem outras taxas e sobretaxas que devem ser aplicadas para cada tipo de produto. O frete básico, por exemplo, só pode ser calculado com a análise de uma série de fatores, como produto, tipo de operação, destino/origem, dimensão, entre outros, que compõem o valor do frete marítimo.
Gostou do artigo e quer conhecer as soluções da ASIA Shipping para o frete marítimo? Conheça nossos caminhos.